Continuação da série "os oito vícios capitais"
Vimos nos capítulos anteriores a respeito da Gula e a Luxúria. A Gula ou a Gastrimargia é mãe destes pecados, pois dela origina-se a maior fraqueza humana, a comida. E dela origina-se diretamente outras doenças espirituais ou espíritos malignos (como diziam os antigos padres) como a Luxúria (Pornéia).
O combate a Gula é o Jejum, tanto quanto uma atitude física e mental quanto espiritual.
A Luxúria massacra a nossa sociedade atualmente por causa do sexo desregrado. Com ela, o homem afasta do seu criador, pois este idolatrou o sexo e paixões libidinosas de tal maneira que se a consciência deste vício não for tomada a tempo, a autodestruição será eminente. A alma deve dominar o corpo e não o contrário. A fantasia é uma faculdade da alma, com isto, o risco de deslize é grande.
A Cura para a Luxúria é o jejum das fantasias. Estas vão pouco á pouco levando o que era uma simples ilusão á uma prática corruptível. A boa vontade e a solidão são os outros grandes remédios para combater este vício mortal.
Vamos ver a seguir o vídeo do Padre Paulo Ricardo explicando sobre o tratamento do vício da luxúria e deixar o convite á se tornar aluno do seu site: http://padrepauloricardo.org/ e com isto obter não só esta aula, mas também todas as aulas (cursos) interessantes contidas neste site.
Adiante veremos então a continuação destes escritos por Evágrio Pôntico sobre os espíritos malignos ou doenças espirituais.
EVÁGRIO PÔNTICO (345-397)
Evágrio foi um monge, nascido por volta de 345, originário da Capadócia, em Ibora, no Ponto, e por isso ele é chamado de Pôntico. Passou dezesseis anos de sua vida no deserto do Egito, como anacoreta. Foi discípulo e amigo de São Gregório Nazianzeno. Evágrio conheceu bem cedo os três capadócios: São Basílio, São Gregório de Nissa e São Gregório de Nazianzo, sendo ordenado diácono por este último. Herdeiro dos grandes Padres Alexandrinos, Clemente e Orígenes, ele conduziu uma das grandes correntes da espiritualidade bizantina. Foram seus herdeiros, João Clímaco, Máximo, o Confessor, Simeão o Novo Teólogo, os Hesicastas...
III. A Avareza (9)
Capítulo 7
Quem deseja exterminar as paixões, que arranque a raiz; se para o bem tu podas os ramos, a avareza, porém, permanece; [esta providência] não te servirá de nada, porque estes [ramos], apesar de terem sido cortados, rapidamente florescem.
O monge rico é como um navio extremamente carregado que é atingido pelo ímpeto de uma tempestade; assim como um navio que deixa entrar a água é posto à prova por cada onda, também o rico se vê submergido pelas preocupações.
O monge que não possui nada é, ao contrário, um viajante ágil que encontra refúgio em todos os lados. É como a águia que voa alto e que desce somente para buscar o seu alimento quando necessita; está acima de qualquer prova, ri do presente e se eleva às alturas, afastando-se das coisas terrenas e juntando-se às celestes; tem, efetivamente, asas ligeiras, jamais carregadas pelas preocupações; sobrepassa a opressão e deixa o lugar sem dor; a morte chega e ele vai com ânimo sereno; a alma, com efeito, não está amarrada a nenhum tipo de atadura.
Quem, ao contrário, muito possui, se submete às preocupações e, como o cão, está preso à corrente e, se é obrigado a ir embora, leva consigo, como um grave peso e inútil aflição, a lembrança das suas riquezas, é vencido pela tristeza e, quando pensa nisso, sofre muito em perder as riquezas e se atormenta com o desânimo.
E quando lhe chega a morte, abandona miseravelmente suas tendências, entrega a alma, embora o olho não abandone os negócios; de má vontade é arrastado como um escravo fugitivo; se separa do corpo, mas não dos seus interesses, porque a paixão o atinge mais do que o arrasta.
Capítulo 8
O mar jamais se enche, embora receba a grande massa de água dos rios; da mesma maneira, o desejo de riquezas do ávaro jamais se sacia: ele o duplica e, imediatamente, deseja quadruplicá-los e não cessa jamais esta multiplicação, até que a morte venha pôr fim a tal interminável pretensão.
O monge sensato terá cuidado das necessidades do corpo e proverá com pão e água o estômago indigente; não adulará os ricos pelo prazer do ventre, nem submeterá sua mente livre a muitos senhores; com efeito, as mãos são sempre suficientes para satisfazer as necessidades naturais.
O monge que não possui nada é como um lutador que não pode ser golpeado fortemente e um atleta veloz que alcança rapidamente o prêmio do convite celeste.
O monge rico se regozija nas muitas rendas, enquanto que o que nada tem se regozija com os prêmios que vêm das coisas bem obtidas.
O monge ávaro trabalha duramente, enquanto que o que nada possui dedica seu tempo para a oração e a leitura.
O monge ávaro enche os buracos de ouro, enquanto que o que nada possui acumula tesouros no céu.
Seja maldito aquele que forja o ídolo e o esconde, da mesma forma que aquele que é afeto à avareza; com efeito, o primeiro se prostra diante do falso e inútil, e o outro carrega em si a imagem (10) da riqueza, como um simulacro.
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Notas:
9. Philargyria, ou amor ao ouro, ao dinheiro. Evágrio dá especial importância a este vício e apresenta seu demônio como particularmente astuto, pois apresenta ao monge uma série de raciocínios que fazem parecer a acumulação de bens como um ato de sensatez e prudência.
10. Para Evágrio, o apaixonado possui no coração a imagem do objeto que o domina.
Fonte: http://coracaomistico.blogspot.com.br/2007/12/evgrio-pntico.html
Fonte: http://santissimarainha.blogspot.com.br/2011/08/evagrio-pontico-sobre-os-oito-vicios.html

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