sexta-feira, 24 de maio de 2013

Confessionário, tradição e (des)uso ao longo da história.


Matéria interessante extraída do site fratresinunum.com
Vale a pena ler e se perguntar ...

Confessionário, tradição e (des)uso ao longo da história.



Por Leandro Nascimento*

Analisando os 50 anos que completa o Concílio Vaticano II, percebemos uma triste realidade na Igreja: O desuso dos confessionários.

Onde estão e por que sumiram?

Recentemente estive me confessando em uma Igreja (dentro de uma sala fechada afastada da igreja) no centro de São Paulo, quando me deparei com o sacerdote que ouviria minha confissão, observei que tinha aproximadamente seus 60 anos, nada de mais! Portanto quando me pus de joelhos o mesmo me exortou:

- Por que esta de joelhos? Levante-se!

E eu perguntei:

- Estou fazendo algo de errado? Desejo me confessar de joelhos, esta é minha posição diante deste sacramento.

Ele retrucou:

- Eu não gosto! Prefiro sentado, “Deus” não quer isto. Não precisa disto.

Atrevi-me a citar o modelo de um confessionário tradicional onde o penitente se coloca de joelhos e fica separado do sacerdote.

Para minha surpresa, ele respondeu:

- Tradicional hein?! Pois bem! No meu tempo não existia avião, os tempos mudaram. Desta vez você pode se confessar de joelhos. Mas que esta seja a ultima vez! Na próxima se sente, entendeu?

Outra vez, entrei em uma Igreja e observei um sacerdote atrás do altar, ouvindo confissões. Quando chegou minha vez, novamente de joelhos, outra surpresa. O sacerdote me perguntou:

- Você faz parte de alguma comunidade religiosa, associação ou coisa assim?

- Por que Padre?

E ele respondeu:

- Não, por nada, é que me surpreende tanta seriedade.

Questionei:

- Só por que estou de joelhos?

- Sim! Respondeu ele.

- Não padre! Não pertenço a nada disso, desejo me confessar assim.

A triste decadência dos confessionários após o Concílio Vaticano II trouxe a novidade de “salas de reconciliação”, ou talvez, “salas confessionário”. Longe dos olhos dos fiéis e escondidos da Igreja. Talvez, pelas novas nomenclaturas que recebeu o sacramento da Penitência. É certo, no entanto, que muitas igrejas têm resgatado o confessionário, também como altares e genuflexórios.

O confessionário data, segundo vários autores, do século XVI. Primitivamente, a confissão era pública, pelo menos nalgumas igrejas; por isso era desnecessário o confessionário. Contudo, depressa foi abolido este costume e já nos séculos II e III a confissão dos pecados recomendada pelos Sumos Pontífices, pelos bispos e sacerdotes, era a confissão secreta como podemos observar neste Decreto atribuído a Santo Evaristo:“Ut Presbyteri de occultis peccatis, jussione episcopi, poenitentes reconcilient, et sicut supra descripsimus, infirmantes absolvant et communicent”.

Nos estatutos sinodais de Liége do ano de 1288, lemos o seguinte: “Para ouvir as confissões, os sacerdotes escolherão na igreja um lugar público, bem patente… Ordenamos que o sacerdote conserve nas confissões um exterior reservado e os olhos modestamente baixos e não esteja frente a frente com o penitente, sobretudo se este é de diferente sexo. As mulheres confessam-se com o pescoço e a cabeça coberta”.

Todas estas prescrições, e principalmente a última, indicam suficientemente que nos catorze ou quinze primeiros séculos do Cristianismo, foi desconhecido o confessionário.


Papa João Paulo II ouve a confissão de um penitente. Detalhe para a ponta da estola deixada para fora do confessionário permitindo que o penitente, depois de absolvido, oscule-a indulgente, segundo o costume.


No século XVI, São Carlos Borromeu proibiu a confissão de mulheres fora do confessionário, no qual existiria uma peça de madeira de separação entre o ministro e o penitente: “Extra sedem confessionalem et nisi médio inter cum et mulierem intercepto”. De onde se entende que até então o confessionário seria simplesmente uma cadeira como as descobertas nas catacumbas que, pela sua forma e posição nas capelas, mostram que serviram de confessionários.* (Fonte: Direto da Sacristia).

Realidade em algumas Igrejas, confessionários em desuso ou à venda na internet


Confessionário em desuso.

A Igreja Católica de Viena impediu a venda de um confessionário pela internet (EBay), após seu uso ser oferecido como sauna ou bar. O leilão descrevia o confessionário no site como “ideal para saunas particulares, pequenos bares ou teatrinho infantil”, fazendo que a arquidiocese interferisse no processo. Fonte: Telegraph.

Ensina-nos a Santa Igreja.

“Retornar para o confessionário, como lugar no qual celebrar o Sacramento da Reconciliação, mas também como lugar em que ‘habitar’ com mais frequência, para que o fiel possa encontrar misericórdia, conselho e conforto, sentir-se amado e compreendido por Deus e experimentar a presença da Misericórdia Divina, ao lado da Presença real na Eucaristia”. (Papa Bento XVI Discurso aos participantes do Curso de Foro Interno, da Penitenciária Apostólica, 09 março 2012).

Código de Direito Canônico:

964 § 1. O lugar próprio para ouvir confissões é a igreja ou oratório.

§ 2. Quanto ao confessionário, estabeleçam-se normas pela Conferência dos Bispos, cuidando-se, porém que haja sempre em lugar visível confessionários com grades fixas entre o penitente e o confessor, dos quais possam usar livremente os fiéis que o desejarem.

Legislação Complementar [ambígua] ao Código de Direito Canônico emanada pela CNBB quanto ao cân. 964 § 2:

1. O local apropriado para ouvir confissões seja normalmente o confessionário tradicional, ou outro recinto conveniente expressamente preparado para essa finalidade.

2. Haja também local apropriado, discreto, claramente indicado e de fácil acesso, de modo que os fiéis se sintam convidados à prática do sacramento da penitência.

§ 3. Não se ouçam confissões fora do confessionário, a não ser por justa causa.

O Catecismo da Igreja Católica não informa o modo de se confessar.

Catecismo de São Pio X 

§ 7º – Do modo de se confessar

760- Como vos apresentareis ao confessor?

Ponho-me de joelhos aos pés do confessor, e digo: Abençoai-me, Padre, por que pequei.

Foi neste desejo que a empresa Ara Christus Arquitetura e Arte Sacra, à qual pertenço, confecciona e incentiva o uso dos confessionários.

Produção recente de Confessionários

No ano de 2011 e 2012 foram confeccionadas mais de 20 peças, que considero um número recorde. Conversando com os sacerdotes foi relatado que: “os fiéis (no confessionário) realmente confessam seus pecados” e nas paróquias aumentaram o número de confissões com um confessionário visível na igreja.

Esta iniciativa da empresa busca com projetos adequados a cada realidade de espaço, confessionários de acordo com seu devido uso em local visível com beleza e dignidade.

Seguem algumas fotos e modelos que foram para o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Espírito Santo e São Paulo:


Confessionário com duas entradas, pode-se usar em qualquer parte da nave da igreja, lado direito ou esquerdo. Ou um dos lados com assento para pessoas que não podem se ajoelhar.



Genuflexório Confessionário tem uma função portátil, podendo ser levado a retiros ou eventos externos.



Confessionário com um lado, projetado para locais específicos na Igreja.

A arte e a arquitetura de nossas Igrejas “mudaram”, a arte modernista dessacraliza e confunde a arte sacra, que tem por seu objetivo o que é dito na Constituição Sacrosanctum Concilium, do próprio Vaticano II: “orientar piedosamente para Deus a mente humana e contribuir para a sua conversão”.

Salve Maria.

* Leandro Nascimento é Diretor Comercial da empresa Ara Christus Arquitetura e Arte Sacra. www.arachristus.com.br

Nota: O Fratres in Unum não vende espaços publicitários. Esta divulgação é gratuita e tem por objetivo apenas difundir a boa arte sacra, Ad maiorem Dei gloriam.

Fonte: http://fratresinunum.com/2013/05/24/confessionario-tradicao-e-desuso-ao-longo-da-historia/

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